Roda de capoeira

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Ínicio

Capoeira e inclusão social

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Entrevista: William José da Silva (Professor "Camaleão" - ABADÁ-CAPOEIRA)

Tendo em vista o objetivo da pesquisa que é analisar em que medida a capoeira é um instrumento eficaz de inclusão social, entrevistamos o professor de Capoeira, William José da Silva (Conhecido como "Camaleão") - É aluno de Mestre Camisa (José Tadeu Carneiro Cardoso, Presidente-Fundador da ABADÁ-CAPOEIRA) e faz parte do grupo desde 1995, mas está inserido à prática do esporte há quase 30 anos.
O professor, que desenvolve vários projetos com a capoeira e possui inúmeros alunos, vivencia de perto a realidade do esporte, bem como suas necessidades de reconhecimento e incentivo por parte de Políticas Públicas no âmbito do esporte, cultura e lazer para os jovens (atualmente público alvo de seus trabalhos):

1 - Qual é o perfil socioeconômico do praticante de capoeira?
Por se tratar de grande diversidade de público, os praticantes apresentam diferentes perfis, e todos eles são aceitos e respeitados dentro da política do grupo, sem qualquer distinção.
2- Porque os jovens procuram a capoeira?
Na maioria das vezes por ser atrativa (a beleza dos movimentos, a musicalidade, energia) e proporcionar a interação social confortável ao indivíduo, por apresentar simples acesso, além dos benefícios que estão agregados, como os cuidados com a saúde, a busca por um corpo “legal”etc.
3- Qual a importância da capoeira como esporte para o jovem? (na sociedade/ em família/ na vida escolar)
Os jovens encontram na capoeira a sua autonomia e credibilidade, uma vez que são eles que se desenvolvem e aperfeiçoam no esporte, se sentindo “importantes” dentro daquele meio de convívio social. Além disso, a capoeira contribui para a flexibilidade, reflexo, força, raciocínio lógico, instrumental, e o seu ideal de respeito às diferenças e a própria hierarquia de graduação, por exemplo, refletem diretamente no comportamento do praticante em seu núcleo familiar e na disciplina escolar.


4 - Existe política incentivadora de continuidade? Qual? É eficiente?
Existem algumas políticas voltadas ao esporte, como a exemplo, as escolas abertas e os Centros Culturais. Porém, elas são pouco incentivadoras no que diz respeito à remuneração e seleção do profissional que representará a arte, faltando a participação efetiva dessas políticas em acompanhar os projetos, deixando por parte do próprio profissional a divulgação do espaço. Acreditamos que, se fossem oferecidos mais recursos aos jovens, como materiais para oficinas de instrumentos, lanches, vestimentas, dentre outras necessidades, esses ficariam mais empolgados e com isso, um número maior de jovens iriam praticar a capoeira.


5-Qual o papel da capoeira para ressocialização de jovens envolvidos com ilícitos?
A capoeira ajuda e dá oportunidades aos jovens envolvidos com ilícitos, quando estes investem seu tempo com a prática do esporte, seja em treinos, oficinas ou trabalhos sociais, o
que implica na ausência de tempo para cometimento desses atos e também uma mudança de comportamento, em que se aprendem valores que irão auxiliar para uma melhor formação e reintegração social.

6 - Os projetos de capoeira tem boa receptividade em escolas?
Sim. Apresenta boa aceitabilidade por parte dos alunos, que se interessam tanto pelos treinos quanto ao saber da história da capoeira, mas ainda faltam incentivos para continuidade dos projetos que se iniciam, a fim de que se possa dar sequencia aos mesmos. A capoeira ensinada na escola reflete diretamente na frequência dos alunos, na coordenação motora, na curiosidade pela história e seus fundamentos e nas responsabilidades quanto cidadãos.

7- Qual a política de incentivo do grupo ABADÁ-CAPOEIRA para seus alunos?
A ABADÁ-CAPOEIRA incentiva os seus alunos buscando capacitá-los como bons capoeiristas e bons cidadãos sejam por meios de palestras, campanhas sociais, cursos, oficinas, confecção de instrumentos, uniformes, jornal próprio do grupo, eventos como batizado e troca de corda, jogos estaduais, brasileiros e mundiais (o que proporciona grande interação social). O grupo conta com a supervisão direta e indireta dos mestres, mestrandos e professores de cada região, buscando sempre dar a atenção particular que o aluno necessite para um bom desenvolvimento e uma boa postura.
Vale ressaltar ainda, que a ABADÁ-CAPOEIRA busca ensinar aos alunos a respeitar e reconhecer as outras culturas do país.


8- Qual é o perfil socioeconômico dos alunos que se destacam?
Embora seja grande a quantidade de alunos que se destacam devido à diversidade do público, predominantemente esses alunos são os de baixo perfil socioeconômico, mas temos vários alunos que através de seus trabalhos, possuem certo conforto e estabilidade já alcançados.


Entrevista realizada em 05 de Outubro de 2013
Por: Larissa Cosso

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