Roda de capoeira

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Ínicio

Capoeira e inclusão social

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A prática da capoeira e seus benefícios ao ajudar portadores da Síndrome de Down e Deficientes Intelectuais.



A capoeira se revela  um importante instrumento de inclusão para os portadores da Síndrome de Down e Deficientes Intelectuais e se apresenta como recurso metodológico, sendo praticada por qualquer idade.Engloba atividades físicas com o aspecto artístico e musical. Além disso, alia movimentos, força, coordenação, equilíbrio. Favorece o sistema cardiovascular, desenvolve a disciplina e estimula as funções psicoemocionais.
O presente estudo refere-se a alunos com Síndrome de Down( SD ) e Deficiência Intelectual ( DI ), entre homens e mulheres,  na faixa etária entre 10 e 60 anos, que praticam a capoeira; bem como os benefícios advindos dessa atividade.
Nos resultados obtidos, constatam-se melhorias nos domínios( motor, social ,afetivo ), maior interação dos praticantes com outros participantes do grupo, além de satisfatórios resultados quanto à agilidade, resistência e flexibilidade.
Resultados e discussões
    No quadro 1 são apresentados os dados descritivos da amostra relacionados ao sexo e idade cronológica. Nota-se maior prevalência de participantes do sexo feminino (70%) quando comparado ao masculino (30%). No que se refere à idade cronológica, observa-se primeiramente que a amostra é heterogênea, entretanto, não apresenta ampla diferença entre as médias quando comparadas por sexo.
Quadro 1. Dados descritivos da amostra relacionados ao sexo e idade cronológica


    Na figura 1 são apresentados os motivos que levaram os avaliados a iniciar a prática da capoeira, 50% dos entrevistados buscaram na capoeira uma forma de lazer, demonstrando um caráter lúdico para a maioria dos praticantes, que consideram esta atividade física como diversão, onde suas ações são livres e com alto grau de liberdade.

Figura 1. Motivos que incentivaram os alunos com SD e DI a praticarem capoeira
    No entanto, 20% dos entrevistados optaram pela capoeira como prática esportiva, com dedicação e compromissos com os treinamentos. Nota-se também que, 20% praticam capoeira para fugir da rotina, como um meio de distração nos seus afazeres diários e 10% pela qualidade de vida.
    Segundo Silva (2007), a capoeira é o material mais rico para se trabalhar com uma criança deficiente, e isso se consegue pela sua diversidade; pois possui dança, música, jogo, canto, ritmo, história, cultura e folclore. Características específicas da capoeira e que nenhum outro esporte ou terapia consegue.
    De acordo com Freitas (1997), os jogos e brincadeiras levam ao domínio cognitivo, motor e afetivo social. Por meio deles poderá se alcançar melhor desenvolvimento na coordenação motora, no estímulo visual, na criatividade, na auto-estima e na automatização de movimentos, além de se melhorar a forma de administrar o tempo e o espaço dentro de um movimento.


Figura 2. Preferência dos alunos com SD e DI sobre os aspectos presentes na capoeira
    Na figura 2 são demonstradas as preferências dos avaliados referentes aos aspectos presentes nas aulas de capoeira. Observa-se que 80% dos sujeitos possuem maior preferência pelo jogo da capoeira, possivelmente pela realização pessoal que esta atividade proporciona, além do fato de estarem em plena integração física, rítmica e social com os demais capoeiristas. O restante da amostra (20%) possui maior afinidade com a música, demonstrando maior interesse nos aspectos artísticos e rítmicos, provavelmente devido ao momento de alegria contagiante presente entre os participantes.
    Segundo Miranda (2010) uma das características da capoeira que a difere da maioria das outras artes marciais é o fato de ser acompanhada por música. Para Reis Filho et al., (2010), o treinamento da musicalização, principalmente a tocada, tem como objetivo melhorar a coordenação motora fina, pois os alunos possuem contato com instrumentos tais como pandeiros, atabaque, berimbau e agogô.
    O mesmo autor afirma que as cantigas realizadas durante as rodas de capoeira com pessoas com deficiência possuem o intuito de melhorar a comunicação entre os alunos e também como meio de incluí-los na roda de capoeira.

Figura 3. Emoções presentes nos alunos com SD e DI durante uma roda de capoeira
    As emoções presentes na amostra durante uma roda de capoeira são apresentadas na figura 3. A maioria dos avaliados (90%) apontaram alegria durante as rodas de capoeira, possivelmente devido ao ambiente descontraído, com harmonia entre música, expressão corporal e integração com os integrantes e o público externo. Observa-se também que 10% demonstram ansiedade durante as atividades, fato justificado pela expectativa.
    Segundo Esteves (2008), a prática da capoeira tem como meta principal fazer do aluno deficiente um cidadão feliz, proporcionando condições necessárias para se manter convicto em suas tarefas, aonde eles superam seus próprios limites e atingem um elevado nível de satisfação. Sendo que, se o aluno esta feliz com ele mesmo e com o que esta fazendo, as respostas são mais rápidas e positivas.

Figura 4. Preferência dos alunos com SD e DI referente às apresentações de capoeira
    A figura 4 representa a preferência dos avaliados durante uma apresentação de capoeira, tendo em vista que a amostra possui como costume realizar apresentações periodicamente. Nota-se que 50% preferem jogar, 40% tocar instrumentos e 10% cantar.
    Ravagnani (2008) comenta que a educação musical feita por profissionais informados e conscientes de seu papel educa e reabilita constantemente, uma vez que afeta o indivíduo em todos os seus aspectos: físico, mental, emocional e social.


Figura 5. Ambiente em que os alunos com SD e DI preferem jogar capoeira
    No que se refere ao ambiente, na figura 5 são apresentados os valores percentuais dos locais em que os avaliados preferem jogar capoeira. Nota-se que 40% afirmam possuir maior gosto pelo teatro, sendo o restante divido entre escolas (30%) e praças (30%).
    Com isso, sugere-se a hipótese de que a maioria da amostra prefere jogar capoeira em teatro devido este ser um ambiente apropriado para apresentações, com maior atenção do público, infraestrutura adequada, qualidade de som e iluminação, entre outros. Não se pode deixar de esclarecer que os avaliados costumam realizar pelo menos uma ao vez ano, apresentações no teatro voltado para pais e amigos, o que pode ter influenciado a preferência por este ambiente.
    Os demais ambientes assinalados pelos avaliados são representados por locais que permitem maior integração com o público e descontração.

Figura 6. Dados relacionados à prática de capoeira com pessoas de outros municípios
    A figura 6 apresenta os dados relacionados à prática da capoeira com pessoas de outros municípios. Observa-se que 70% relatam terem jogado capoeira com sujeitos de outras cidades, representado por compromissos com festivais e intercâmbios regionais. Entretanto, 30% reportam não praticar capoeira com pessoas de outras localidades devido motivos pessoais.
    Esta integração é abordada por Miranda (2010) ao relatar que a capoeira não se faz sozinho, por isso é imprescindível a participação dentro de um grupo. Seu ensino é baseado na oralidade, com os conhecimentos passados através da vivência e prática regular. Isso exige que o indivíduo se molde a um grupo e passe a conviver com as diferenças existentes neste núcleo de pessoas, num exercício de tolerância. A capacidade de improvisação – de conseguir se adaptar às diferenças e de dramatizar as situações – é uma característica que o praticante vai adquirindo com o treinamento, envolvendo malícia e brincadeira.
    A capoeira possui um poder de socialização de rara grandeza, pois emana, através dos grupos de combate, uma amizade solidificada através dos treinamentos. Essa integração social irá ajudar o jovem deficiente no futuro, quando esse tiver que trabalhar em equipe dentro da sociedade (ZANOLINE, 2011).

Figura 7. Dados relacionados à prática de capoeira em outros municípios
    Ainda no que se refere à integração, na figura 7 são apresentados os dados relacionados à prática de capoeira em outros municípios. Nota-se que 50% relatam nunca ter jogado capoeira em outras cidades, 30% duas vezes ou mais e 20% somente uma vez.
    Estes dados sugerem a hipótese de que os avaliados possuem dificuldades de logística para realizarem intercâmbios regionais com a participação em outras cidades, sendo mais comumente sujeitos de outros municípios se deslocarem para Votuporanga-SP. Este fato também pode ser justificado devido à cidade de Votuporanga-SP ser considerada um dos centros regionais, apresentando infraestrutura mais adequada para recepcionar festivais quando comparados a outros municípios da região.

Figura 8. Benefícios observados pelos alunos com SD e DI acerca da prática da capoeira
    Os benefícios proporcionados pela prática da capoeira são demonstrados na Figura 8. Os avaliados relatam melhora na agilidade (40%), força (20%), resistência (20%) e flexibilidade (20%). Neste estudo, observa-se também que, todos os avaliados observaram melhora para realizar atividades diárias, melhora no convívio social e no convívio familiar e, que pretendem continuar praticando capoeira.
    Estes achados estão de acordo com o estudo realizado por Miranda (2010), o qual afirma que a prática da capoeira desenvolve uma série de qualidades físicas, entre elas, a agilidade, força e flexibilidade.
   
Referências bibliográficas
·         ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE RETARDO MENTAL. Retardo mental – definição, classificação e sistemas de apoio. 10ª edição. Editora:ARTMED: Porto Alegre, 2006.
·         BEZERRA NETO, José Coelho. Desenvolvimento psicomotor proporcionado pela capoeira ao Síndrome de Down. Monografia, Curso de Educação Física, Faculdade Maurício de Nassau, Recife, 2010.
·         RAVAGNANI, A. Desenvolvimento musical e musicoterapia em crianças Down: um estudo preliminar. In: Simpósio De Cognição e Artes Musicais. São Paulo, 2008.
·         TEIXEIRA, Maurício. A Prática da Capoeira como Ferramenta no Processo Inclusivo. 2008. Disponível em: http// www.apaesalvador.org.br, Acesso em: 25, abril, 2011.

por: Pollyanna de Castro Barbosa.

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